Comunicações Sociais

14/05/2010 22:03
Neste domingo, dia 16 de maio, a Igreja celebra o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Conscientes da importância da mídia na formação da cultura contemporânea, os cristãos devem saber aproveitar essa comemoração. Ela é um momentoprivilegiado de oração e reflexão. Procura iluminar o vasto campo das comunicações com a luz dos princípios evangélicos.
 
Para isto, é útil e proveitoso relermos a mensagem que o Santo Padre Bento XVI publicou para o 44º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que tem o tema: “O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos ‘media’ ao serviço da Palavra”. Para o Santo Padre: “insere-se perfeitamente no trajeto deste Ano Sacerdotal e traz à ribalta a reflexão sobre um âmbito vasto e delicado da pastoral como é o da comunicação e do mundo digital”.
 
O Concílio Vaticano II lembra que o progresso, fruto do trabalho e da inteligência do homem, permite que ele se abra à realização de sua vocação, e o leva a caminhar rumo ao futuro. Por isso, a Igreja manifesta seu apreço pelas conquistas legítimas da técnica.
 
É parte deste processo o desenvolvimento dos meios de comunicação social. Eles não são um mero veículo transmissor de idéias. São parte integrante e ativa da cultura. Ao mesmo tempo, formadores e expressões dela. E se encontram ainda nos primórdios de uma evolução, que promete ser cada vez mais impressionante. Um campo vastíssimo e de amplas perspectivas é o da informática.
 
Os sistemas computadorizados tornam o Universo sempre menor, gerando contato rápido, diminuindo distância. Intercomunicam culturas, estabelecem a possibilidade de um diálogo real entre povos, de uma partilha mundial de crescimento no mútuo entendimento como promoção da fraternidade. Em todos os níveis da sociedade e nos mais variados campos da atividade dos cidadãos, a informática constitui sempre mais um instrumento indispensável.
 
Entretanto, ao mesmo tempo, os riscos são evidentes. Se absolutizada, a informática pode tornar-se tirânica, substituindo-se ao indispensável exercício da inteligência humana, promovendo uma civilização estritamente técnica, mas fria e impessoal. E, não menos iníquo, seu uso manipulado pode gerar interferências na liberdade do indivíduo e das sociedades, condicionando comportamentos, gerando pseudo-valores, justificando erros.
 
A Igreja, ao reconhecer a importância da cultura informática e suas possibilidades positivas, se propõe a iluminar com o Evangelho este campo altamente técnico. Ele deve-se inspirar em valores transcendentes e em critérios éticos elevados, a fim de estabelecer um mais largo e intenso diálogo entre todas as raças e povos. A consequência é a promoção de maior justiça universal, de respeito pelos direitos humanos, de saudável desenvolvimento para todos os povos, resguardando as liberdades essenciais a uma vida plenamente humana.
 
Mas a mensagem papal deste ano insiste no fato de que a Igreja tem, nesses instrumentos, um poderoso aliado para o desempenho de sua missão evangelizadora. Afirma o Santo Padre: “Hoje, para dar respostas adequadas a estas questões no âmbito das grandes mudanças culturais, particularmente sentidas no mundo juvenil, tornaram-se um instrumento útil as vias de comunicação abertas pelas conquistas tecnológicas”.
 
É imperioso que a Igreja utilize os computadores e os satélites em seu trabalho de evangelização. Ela seria culpada se não lançasse mão desses meios potentes, que a inteligência humana torna cada dia mais aperfeiçoados. O Papa lembra o muito que pode ser feito: “Através dos meios modernos de comunicação, o sacerdote poderá dar a conhecer a vida da Igreja e ajudar os homens de hoje a descobrirem o rosto de Cristo, conjugando o uso oportuno e competente de tais meios com uma sólida preparação teológica e uma espiritualidade sacerdotal forte, alimentada pelo diálogo contínuo com o Senhor. No impacto com o mundo digital, mais do que a mão do operador dos ‘media’, o presbítero deve fazer transparecer o seu coração de consagrado, para dar uma alma não só ao seu serviço pastoral, mas também ao fluxo comunicativo ininterrupto da ‘rede’”.
 
Usar os novos recursos da tecnologia para a evangelização, eis o desafio que se apresenta à Igreja. Alguns programas estão em execução. Recordo aqui o gigantesco trabalho, levado a bom termo por universidades católicas e empresas, que foi a transcrição da Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino em um sistema informatizado, com uma completa concordância – isto é, um índice sistemático das palavras usadas -, já em uso nas grandes bibliotecas universitárias. Na França, a Igreja é pioneira com programas de cultura e formação religiosas, assimiláveis a todos os usuários da rede nacional. Já são vários os programas que introduzem a Sagrada Escritura no mundo da informática.
 
Estamos somente no início. A Igreja é, pois, chamada a estudar atentamente o vasto campo que se abre à sua ação evangelizadora. A Santa Sé, que após o Concílio criou uma especial Comissão para os Meios de Comunicação Social, vem intensificando cada vez mais seu interesse e participação nesta área.
 
Entretanto, permanece sempre atual a exortação que nos propõe o Papa Paulo VI em “Evangelii Nuntiandi” (n. 45 e 46): “Lançar mão destes meios potentes (de comunicação social) que a inteligência humana torna cada dia mais aperfeiçoados” para “o primeiro anúncio, a catequese ou o aperfeiçoamento ulterior da fé”. Busquemos através da imprensa, rádio, cinema, televisão e outros recentes e valiosos meios levar a todos os homens a Mensagem de Cristo.