Visita "Ad Limina"

16/10/2010 08:22

 

Os bispos brasileiros continuam, por grupos de regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) indo a Roma, para um encontro pessoal com o Santo Padre, a visita aos túmulos de São Pedro e São Paulo, além de entrevistas com diversas Congregações e Comissões que compõem a Cúria romana. Há poucos dias, os bispos do Regional Leste 1, do qual a Arquidiocese do Rio faz parte, encontraram-se com o Papa. Trata-se da visita “ad limina apostolorum”, isto é, aos umbrais, aos troféus, monumentos funerários que indicam a vitória do martírio de Pedro e Paulo, conservados em Roma.

Em seu discurso aos prelados brasileiros, a 25 de setembro último, além de animá-los na missão, o Santo Padre recordou o papel da Igreja no mundo e a importância da juventude para o futuro. Assim se expressou: “Rica de um longo passado sempre vivo, e caminhando para a perfeição humana no tempo e para os destinos últimos da história e da vida, ela é a verdadeira juventude do mundo. (...) Olhai-a e encontrareis nela o rosto de Cristo, o verdadeiro herói, humilde e sábio, o profeta da verdade e do amor, o companheiro e o amigo dos jovens. Deixando transparecer o rosto de Cristo, a Igreja é a juventude do mundo”. E continua: “Confiando na providência divina (...), apraz-me ver raiar o dia de amanhã nos jovens de hoje”.

Segundo o cânon 400 do Código de Direito Canônico, dois aspectos se completam no que concerne à visita “ad limina”: “venerar os sepulcros dos Apóstolos Pedro e Paulo e apresentar-se ao Romano Pontífice”. No parágrafo 2º do mesmo artigo lê-se: “O bispo deve cumprir essa obrigação pessoalmente, a não ser que esteja legitimamente impedido”.

A vida religiosa será enriquecida pelo fortalecimento da devoção ao Sucessor de Pedro, com uma incomparável oportunidade de poder examinar a eventual existência de pontos não convergentes às determinações vindas da Sé Apostólica.

A estrutura essencial da Igreja inclui o alicerce invisível, Cristo, e o visível, Pedro e seus Sucessores. Por isso, em cada celebração eucarística, o sacerdote se declara em união com o seu bispo e, antes, com aquele que ocupa a Sé Episcopal de Roma.

Em meio à diversidade de opiniões, soluções de problemas, variedade de atitudes, convém seguir o exemplo de São Paulo: “Em seguida (...) subi a Jerusalém para avistar-me com Cefas, fiquei com ele quinze dias” (Gl 1,18). O Apóstolo estava tranquilo quanto à fidelidade da doutrina que ensinava, mas, mesmo assim, julgou oportuno conferir, com quem de direito, sua pregação. Ele o fez “em virtude de uma revelação, expôs-lhe (...) o Evangelho que prega entre os gentios, não estivesse acaso correndo ou tivesse corrido em vão”(idem, 2,2).

Se ele achou importante e foi levado a procurar Pedro por inspiração divina, que diremos nós?

Com as facilidades hodiernas, tomamos conhecimento das diretrizes do Sucessor de Pedro. Contudo, de modo particular em nossos dias, a turbulência tem afetado a vida religiosa. Assim, é de grande valor ir a Roma, cada cinco anos, de forma oficial para, em um contacto direto, verificar se nossas atividades são fiéis aos ensinamentos do Santo Padre.

Os Pastores espalhados em toda a terra, vivendo realidades e problemas os mais diversos, devem refletir, em suas atitudes, as orientações que vêm desse centro de união. Caso contrário, teríamos uma variedade que, longe de ser o legítimo pluralismo, causaria dispersão e fragmentação, contrárias às determinações de Jesus.

A visita “ad limina” promove um gesto de plena adesão ao Santo Padre. Desse modo, continuaremos inseridos no tronco da grande árvore, firmes sobre o alicerce constituído pelo Senhor.

Um outro aspecto da importância dessa visita é o fortalecimento dos laços fraternos e filiais com a Pedra sobre a qual Cristo edificou Sua Igreja.

Esse respeito e devoção ao Romano Pontífice constituem característica de nossa prática religiosa. Vem das origens da evangelização em nossa terra. Tem tido sombras, especialmente por motivações terrenas, como na época do Regente Feijó, em nosso país. No entanto, essas intermitências se limitavam a um determinado segmento da sociedade, sem influir em nosso povo.

A visita “ad limina” é uma oportunidade para manifestar ao Santo Padre a obediência e a devoção de nossas comunidades ao seu pastoreio universal. Cada bispo leva consigo o seu rebanho e este deve, pela oração e pela obediência, integrar-se nesse grande gesto de unidade, que é a ida a Roma para fortalecer a união com Pedro.

O povo fiel, crescendo na adesão ao Papa, fará uma opção clara pelo que está certo na Igreja de hoje, ou dela se afasta. Todas as vezes que nossa atitude coincide com as diretrizes da Santa Sé que nos são propostas podemos ter a certeza da posse da Verdade. Cada inovação doutrinária, litúrgica ou disciplinar, em discordância com Roma, será posta de lado. Falta-lhe a autenticação que procede dessa promessa de Cristo: “Apascenta o meu rebanho”.

No acatamento e filial adesão ao Sucessor de Pedro está, para o católico, a pedra de toque para discernimento do que nos é proposto no campo religioso.