Expansão dos sindicatos rurais

 

Em 1970 existiam no Brasil apenas seis sindicatos rurais devidamente reconhecidos (5 de trabalhadores rurais e 1 de patrões) e uns vinte e poucos com documentos no Departamento Nacional do Trabalho, aguardando “investidura” sindical.

Diante de uma falta de consciência de classe no meio rural e de uma quase inexistente liberdade de associação, o movimento de sindicalização rural no Estado do Rio Grande do Norte é iniciado pelo SAR (Serviço de Assistência Rural) em 1960 com a fundação do Setor de Sindicalismo. O SAR se caracterizada pela atuação no meio rural das atividades também ligadas ao chamado “Movimento de Natal”.

O I Congresso de Trabalhadores Rurais do Rio Grande do Norte foi realizado em Natal de 22 a 25 de abril de 1961, com a participação de 96 líderes rurais e representantes de 52 municípios e se constitui como um momento decisivo para a expansão da sindicalização rural no Estado.
Neste mesmo ano surgiram movimentos semelhantes em Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Sul, Piauí e Paraíba. Em fins de 1963 a sindicalização já havia atingido todos os Estados da Federação, devendo-se isto, na maioria dos casos, à inspiração da Igreja e à atuação de militantes leigos católicos.

No dia do encerramento do I Congresso, eu sua Palestra dominical, Dom Eugenio declarava: “Entre os grandes objetivos desse movimento, destacam-se: dar uma consciência à classe que se reúne, fazer surgir o espírito de união, condição indispensável à defesa dos direitos entre os mais fracos. Na legislação vigente, a fórmula reconhecida no meio operário para essa união é o sindicato”.

Em outras ocasiões: “A sindicalização é um dos postulados da Doutrina Social da Igreja. Os documentos pontifícios são peremptórios nas afirmações de que a caridade não substitui a justiça nas relações entre patrões e operários. Assim, é um escárnio a Cristo o cristão que combate a sindicalização bem orientada ou reprime o pobre” (Alocução em janeiro de 1963).

Referindo-se à I Convenção Nacional dos Sindicatos Rurais, realizada em Natal no ano de 1963, dizia Dom Eugenio: “Não se trata de um encontro promovido pela Igreja, mas pelos Sindicatos, que, por lei, no Brasil, são neutros em matéria religiosa e deveriam ser em política”.
 
 
(Fonte: Ferrari, Alceu, "Igreja e Desenvolvimento - O Movimento de Natal", Fundação José Augusto, 1968)